quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Escultor

     Esta é a história de um velho, sábio e perfeccionista escultor.
     Ele possuía um vasto atelier, com todo tipo de esculturas de barro. Eram arvores, animais, insetos, seres humanos e todos os demais tipos de seres vivos.
     Todos eles, depois de esculpidos acabavam ganhando vida e tomando seu rumo. Toda obra dele era bela e perfeita. Ele jamais errava no que fazia, toda obra finalizada, depois de ganhar vida tornava-se iluminada e boa.
     Mas certo dia, o tão perfeccionista escultor resolveu inovar e fazer uma escultura de duas pessoas. Foi muito tempo de trabalho e dedicação, muitas noites em claro, muitos erros reparados, muitas mudanças. Até o dia que acho que a obra estava finalizada.
    Sabia ele da beleza e valor daquele casal esculpido em barro, sabia ele também que jamais teria vida aquela estátua dupla. Não podia. Colocou-a então em uma de suas prateleiras e lá a deixou durante muito tempo.
     Até que, certo dia então, um forte vento bateu. A estátua, já empoeirada e esquecida na prateleira, foi lançada ao chão.
     Partiu-se ao meio.
     Agora então poderiam ganhar vida os esculpidos. Mas o medo do velho escultor ainda era visível, preferiu ele dar vida a apenas uma das partes. Deu-lhe vida e partiu. Partiu para longe levando a outra metade da estátua;.
     Não mais se ouviu falar daquele escultor por aquelas bandas, ele estava longe, numa terra distante, trabalhando tranquilamente em seu novo e aconchegante atelier. Com sua meia- estátua exposta em local visível. Era ela seu orgulho. Prometera ele somente dar-lhe vida quando fosse a hora de parar de esculpir.
     Pouco mais de meia década se passou, era chegada a hora de parar de esculpir. O velho escultor estava cansado demais para continuar. Deu vida a tudo o que ali ainda estava, toda as esculturas se foram. Até que olhou para a mais alta prateleira e viu seu xodó, a metade da estátua partida pelo vento 3.402 dias antes. Era chegada a hora dela ganhar vida. E com um puro sorriso no rosto, deu-lhe vida. Desfez-se então a última estátua restante. Sua missão estava cumprida.
     Porém, esta sabia que tinha uma matade a sua procura, sabia ela que estava numa terra distante. Sabiam eles que um dia seus olhos voltariam a encontrar-se. A busca foi imensa. A luta e o sofrimento,  enormes. A solidão já lhes era companheira.
     Duzentos e cinco meses exatos se passaram, até que finalmente os olhos se cruzaram. Sabiam eles o que lhes esperava. As metades da estatua voltaram a se juntar, a felicidade estava ali para curtir.
     Felizes foram eles durante muito tempo, sorrindo e cantando, brincando e amando.
    E você leitor, que acha que esse é mais um conto de fadas que termina com o famoso "E FORAM FELIZES PARA SEMPRE", está enganado. Não é aqui que a história chega ao fim, nem sei se, ou quando chegará.
Espero apenas não viver para lhes contar...

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